A claridade desta manhã sem senão me provoca um tamanho prazer que quase nem me sinto dentro de mim. Devo explicar-te como a realidade, de uns tempos para ca, tornou-se outra. Nem sei se me reconheceria. Me engano, sei que sempre me reconhecera, não importa o quanto mude… não é essa mesma a sua teoria, que a essência que define a alma de cada um tem um odor especifico, e é eterna ? Absoluta ; até que me agrada essa idéia de ser sempre eu mesma, por mais que mude de opinião. Pois tinha que contar-te, o dia amanhece sem brumas, sem sereno. E ja as cores explodem ao meu redor, as arvores com suas folhas multiformes, muitos frutos, maduros e suculentos, e o céu de um azul sem igual. Logo de manhã não ha nuvens, nem um so rabo de algodão. Olho para o céu e penso no mar ; são absolutos, ambos. Penso no que mais poderia te contar, para que soubesse que aqui estou, outra, maravilhada ! Mas não acho nada, porque não cabe palavra. Quando elas me faltam não me resta nada além de me contentar com o silêncio. Então fico ca a observar o mundo, e me comprazo nesse olhar mudo. Basta que me mantenha alguns instantes calada para que a realidade fale comigo. Ouço o sussurrar do vento, que viajando por inumeros cantos traz uma palavra de cada lingua, dialeto, um pouco de cada melodia. Tantos instrumentos ! Depois ouço o som oco do fundo do mar, o mais profundo linguajar. O que me diz ? Fala sobre a pluralidade de sentimentos, os mais disparates, os ausentes, os sem contentamento.
A chuva, que começa a cair devagar, traz consigo a paz e os lamentos : ja é de tarde. A claridade muda de cor, o dia se desfia num segundo. Assim, pisquei os olhos e vi o sol nascer, pisquei os olhos e o vi desaparecer. O céu agora é um branco sem medida. A realidade que tende a se encobrir ; por detras das gotas da chuva, os relâmpagos. Não ouço nada além dos estrondos, me cubro de prazer : a excitação do fim do mundo. Talvez você não me reconhecesse, nem eu mesma me reconheço. O mundo me fazendo, maravilhada, e eu seguindo nessa existência com muito apreço. Não sei muito bem onde me encontro, mas não te escrevo para que me encontre, não…
A chuva, que começa a cair devagar, traz consigo a paz e os lamentos : ja é de tarde. A claridade muda de cor, o dia se desfia num segundo. Assim, pisquei os olhos e vi o sol nascer, pisquei os olhos e o vi desaparecer. O céu agora é um branco sem medida. A realidade que tende a se encobrir ; por detras das gotas da chuva, os relâmpagos. Não ouço nada além dos estrondos, me cubro de prazer : a excitação do fim do mundo. Talvez você não me reconhecesse, nem eu mesma me reconheço. O mundo me fazendo, maravilhada, e eu seguindo nessa existência com muito apreço. Não sei muito bem onde me encontro, mas não te escrevo para que me encontre, não…
5 commentaires:
querida,
esse texto é tocante.
A voz,
o objeto,
o interlocutor.
isso que me toca aqui.
o final é ótimo.
Hum... não sei se entendi o seu comentario! O que te toca ai?
O disrcuso que é direcionado pra uma 2ª pessoas do singular e não do plural... é isso que me tocou, o conteudo do texto podia muito bem ser escrito como um tratado existêncial, até poderia esbarrar na auto-ajuda. Mas não fala pra nós todos, o discurso é direcionado à ELE ou à ELA, para um "tu" distante. - como uma carta que vai atravessar o oceano numa caravela ou talvez nunca seja lida - isso me toca.
talvez eu tenha viajado nessa leitura mas não quero me alongar muito na análise.
"Não sei muito bem onde me encontro, mas não te escrevo para que me encontre, não…"
isso me toca muito.
Beijos
Resumindo:
oque eu achei tocante foi o
"tu lírico". *
*conceito recente e inovador da teoria literária criado pelo perspicaz Pedro Gonçalves.
Li
parabens pelo trampo...achei lindo seu blog
bjo
fil
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