O primeiro dia de sol é assim: cheio, movimentado, repleto de promessas de futuros compromissos. Todos saem balançando as saias, os chapéus, os chinelos... O parque estava abarrotado, alguns resquicios de um inverno sem fim : umas botas, uns casacos, algumas blusas de lã. Mas a maioria dos passantes ja havia incorporado o calor por inteiro, nas vestimentas, acessorios, nos gestos e no humor. Nesse primeiro dia as pessoas deixaram de ser « passantes », para tornarem-se « estantes ». Se deixavam estar na grama e nas cadeiras, sentados no chão de pedras brancas ou em qualquer outro lugar. Nem por isso paravam de movimentar-se : deixavam-se estar por ali e por aqui. Ocupavam todo e qualquer espaço vago. Foi de repente, nesta hora da tarde em que o primeiro dia de sol tornou-se uma evidência inegavel, que o parque se transformou num aglomerado de pessoas, pernas, cabeças, braços, sapatos e pés descalços todos juntos. Completado pelas inumeras vozes, emitindo considerações diversas, na maioria alegres – pois é bem sabido que a esperança, assim como as plantas, cria seu proprio alimento dos raios de sol. Chamados e risadas histéricas, ou engraçadas, inumeras linguas e vozes de crianças. O parque, num crescente, transformou-se em multidão. Um verdadeiro concerto de Humanidade.
Ao cair da tarde, com o passar das horas interminaveis – uma primavera inteira e eterna em apenas um dia, neste primeiro dia – as vozes diminuiram, tornando-se burburinho. A grama voltou a ser grama, e a multidão foi se separando, até que cada um voltou a ser um. A medida em que o dia foi anunciando a noite as pessoas foram deixando o local. Um vento, surgido de parte alguma, encarregou-se de intimidar as ultimas vozes sob os bancos. Ja não havia mais nenhum resquicio do dia, tudo tornou-se um so silêncio; o ultimo barulho que se ouviu foi o tilintar da corrente batendo no cadeado, colocando um término definitivo a este primeiro dia de sol, fechando os portões do parque, e o inverno insistente no qual estavamos mergulhados.
Ao cair da tarde, com o passar das horas interminaveis – uma primavera inteira e eterna em apenas um dia, neste primeiro dia – as vozes diminuiram, tornando-se burburinho. A grama voltou a ser grama, e a multidão foi se separando, até que cada um voltou a ser um. A medida em que o dia foi anunciando a noite as pessoas foram deixando o local. Um vento, surgido de parte alguma, encarregou-se de intimidar as ultimas vozes sob os bancos. Ja não havia mais nenhum resquicio do dia, tudo tornou-se um so silêncio; o ultimo barulho que se ouviu foi o tilintar da corrente batendo no cadeado, colocando um término definitivo a este primeiro dia de sol, fechando os portões do parque, e o inverno insistente no qual estavamos mergulhados.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire