O cheiro de um lugar
estranho à alma. Um cheiro único que o corpo capta de maneira furtiva. Ele não
é insistente, nem reconhecível. Uma vez que o sentimos é que nos dizemos à nós
mesmos «aí está o estranhamento », mas no momento seguinte ele já se foi.
Não é possível antecipá-lo, ou guardá-lo na memória de maneira consciente. O cheiro do estranhamento é o cheiro da fissura da realidade. Quando os elementos
familiares tornam-se alheios, quando até mesmo a nossa posição no espaço é
matéria para dúvida. Trata-se de um momento fixo, o tempo evolue de forma
desconexa ; não segue uma linha, nem continua em círculo. São pedaços de
tempo que se entrechocam. Esse sentimento se acapara da alma, uma espécie de
dominação. Mas a alma não se fecha sob si mesma, ela fica na expectativa,
esperando o momento em que tudo que conhece desaparecerá, e uma nova condição
se apresentará à si.
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