Andei caminhando por uns tanto cantos. Aqui e ali, mas não andei por todos os lugares. Cheguei mesmo a lugar nenhum, e mesmo assim não estive em todos os lugares. Falei esquisito, tantas frases sem sentido. E no entanto, as palavras seguiam regras e se comportavam como em qualquer outra proposição. Elas significavam, num ato de existência, como as tais " proposições verdadeiras ", cientificas. Ouvia umas vozes me apontando e dizendo : " Você não tem sentido ! Você não existe porque não pertence à experiência, à realidade do mundo ". E no entanto, eu ia seguindo, e ordenando as palavras através das mesmas regras que eles. Porque eram mais reais do que eu ? Porque se preocupavam em me apagar a cada instante ? Mais eu dizia, mais eu me sentia existir. Cada palavra surgida no mundo era um pouco mais da minha concretização absurda. Porque se preocupavam tanto em me apagar se era isso mesmo o que procurava ? Me desfazer… tudo o que eu queria era me desfazer nas coisas do mundo. E eles, quando afirmavam algo ? Também não afirmavam aquilo que até então era inexistente ? Eles é que possuiam o poder de transformar tudo o que tocavam em sentido, em significado. E eu, um dia, passei a não valer mais nada. Me esqueceram, todos ; ao menos faziam um esforço tremendo para isso. Tanta energia, e o resultado era que eu não desaparecia. Submergindo sempre, de algum lugar, daquele lugar mais inesperado. Das proprias idéias deles !
1 commentaire:
se doar, abrir mão...
é a chave pra receber todo o céu.
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