26 novembre 2007


2 commentaires:

Anonyme a dit…

Passam os dias,
eu termino
e tudo o que conheço passa.

E os dias passam,
mesmo quando eu não estiver
mais a vê-los em mim...

as asas do pássaro de madeira ficarão por mais tempo
a vê-los passar...

(são asas de brincadeira,
como os santos
do presépio de Natal.)

eu não tenho asas de madeira,
nem outras asas quaisquer:
vivo sob a sombra do que passa,
do que vier...e escrevo.

Para quem passa.

Um beijo de feliz ano novo!

Ligia S. Ikeda a dit…

Talhe suas palavras na madeira,
Para que não esvoacem,
Não se esparramem,
Não se transformem em poeira estelar.
Para que tenha a certeza que durem mais do que uma vida, num instânte

Mas as palavras não se contém ;
num pedaço de madeira, de concreto,
Fixa-las além do ruido do tempo é impossivel.
Até mesmo no marmore, matéria quase eterna.

As palavras, sim, tem asas
Planam sob a corpulência de uma vida, ou de um pedaço de papel.
Tardam a chegar,
Sobrevivem às catastrofes, às tragédias
Sobrevoam o céu do efêmero

E assim, porque não se detém,
é que carrego-as comigo,
ou são as palavras que me levam,
e nessa vida sem abrigo bato asas.

Feliz ano novo também!