10 avril 2009

Conversa com os passarinhos

Dela, diziam que era louca
que piava aos passarinhos
que não tinha palavras na boca
que ja nem era mais desse ninho.

Nunca viram de onde saiu
um dia apareceu, um dia sumiu...
E se não ha ninguém pra lembrar
dos fatos que vou contar
então talvez eu tenha imaginado...
Quem sabe ela nunca existiu!

Numa tarde esfumaçada
em pleno mês de Abril
gozou e nadou saciada
num lago azul anil.

Numa noite de lua cheia
tirou seu vestido surrado
deitou o corpo, faceira
numa imensidão de mato prateado.

No começo do dia gritou
chamando pela alegria
e não sem surpresa constatou :
« o mundo é feito de fantasia!».

Numa confusão de emoções
desregulou os relogios da cidade
andou pela praça, gritando :
« agora é a hora da verdade ! ».

« Nada disso não existe,
nada, nem nenhuma quantidade
e nem dono, e nem dinheiro,
à todos pertence essa cidade ! »

« e mesmo os animais
à nos obedecer e padecer
são seres livres e mortais.
Viva o mundo sem correntes
Viva a vida sem currais! »

Foi o tempo de um instante,
o seu fim foi a prisão.
Mas por um momento infinito
à ouvir todo aquele « não dito »
o povo lhe deu razão.

Cada um é suspenso por um barbante
e repete a existência sem mais.
Mas às vezes pensar na essência,
em tudo o que é incessante,
faz a gente se destacar
do que apenas nasce e jaz.

3 commentaires:

Unknown a dit…

PQP, gostei muito desse aqui! Cortar o barbante é sempre o grande desafio, mas eu me recuso a nao tentar, pra passar a vida além do ser que nasce e jaz. PQP de novo!

Abraço!

Anonyme a dit…

emocionante!
Lindo!

Marcos

Anonyme a dit…

La ringrazio per intiresnuyu iformatsiyu