Esse prazer egoísta de ser um
porto seguro. Quando você se aninha em meus braços, e sente meu cheiro, e tudo
torna-se algodão doce e cheiro de primavera. Como eu queria que o mundo fosse
sempre assim, feito dessa possibilidade de oferecer os braços, e transportar aquele
que acolho à outra dimensão. Poder estar por perto, e fazer com que se esqueça
de si. Como se o fechar de meus membros num eterno abraço fosse uma forma de
sempre ter razão, uma espécie de sabedoria. Não queria que desconhecesse as
dificuldades e percalços da realidade ; queria, sim, que se diferenciasse
dela. Porque a realidade é uma coisa, ou uma possibilidade infinita de coisas, mas
ela sempre é, a cada instante, algo fixo e imutável. Você é mais. Distinta.
Você sobrevoa a eternidade, às vezes um fluxo de sentimento, às vezes
pensamento contínuo, ou somente pulsão. Você é movimento, rítimo e harmonia,
mesmo nas horas que lhe parecerão dissonantes. Você é muito mais ; você é
essa que se recolhe num abraço para esquecer-se que é.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire