16 février 2014

Imediatez

Algumas infâncias são como bocados de algodão doce. Tudo parece idílico e harmonioso ; acontecimentos pertencentes à uma organização do espaço e do tempo que lhe são próprias.
Algumas juventudes são apenas a espera do começo da história. Acorda-se e dorme-se, e entre estes dois acontecimentos alguns outros acontecimentos preenchem os anos de juventude. Aspirantes à pessoas, que esperam impacientemente a maioridade, a maturidade, os verdadeiros acontecimentos. Quando as emoções de uma vida bem vivida ? Quando a emancipação ? Quando as próprias escolhas ?
Uma infância idílica é um começo de vida imerso num mundo de fantasia. As brincadeiras se misturam aos acontecimentos reais, e estes acontecimentos sendo sinceros e harmoniosos, invenção e realidade constróem a memória, envolta numa redoma atemporal. Mas mais interessante do que viver uma infância idílica, é viver uma juventude verdadeira. Não apenas esperar pela idade adulta, nem viver uma imitação miniatura dos próprios pais. Uma juventude idílica é sentir a insignificância do tempo, a potencialidade por detrás da existência... Movimentar-se nesses anos efêmeros como um gato que passeia pelos telhados com a segurança e a destreza que lhe são próprias. Não esperar por nada, viver o tempo sem se descolar dele, sem recuo nem arrependimento. Assim, não se há de esperar que a vida comece, há apenas a vida, e a maneira através da qual ela se desdobra no espaço... O tempo é um ponteiro parado a cada fração, aquilo que criamos no espaço é existência.

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