Algumas
infâncias são
como bocados de algodão doce.
Tudo parece idílico e harmonioso ; acontecimentos pertencentes
à uma organização do espaço e do tempo que lhe são próprias.
Algumas
juventudes são apenas a espera do começo da história. Acorda-se e
dorme-se, e entre estes dois acontecimentos alguns outros
acontecimentos preenchem os anos de juventude. Aspirantes à pessoas,
que esperam impacientemente a maioridade, a maturidade, os
verdadeiros acontecimentos. Quando as emoções de uma vida bem
vivida ? Quando a emancipação ? Quando as próprias
escolhas ?
Uma
infância idílica é um começo de vida imerso num mundo de
fantasia. As brincadeiras se misturam aos acontecimentos reais, e
estes acontecimentos sendo sinceros e harmoniosos, invenção e
realidade constróem a memória, envolta numa redoma atemporal. Mas
mais interessante do que viver uma infância idílica, é viver uma
juventude verdadeira. Não apenas esperar pela idade adulta, nem
viver uma imitação miniatura dos próprios pais. Uma juventude
idílica é sentir a insignificância do tempo, a potencialidade por
detrás da existência... Movimentar-se nesses anos efêmeros como um
gato que passeia pelos telhados com a segurança e a destreza que lhe
são próprias. Não esperar por nada, viver o tempo sem se descolar
dele, sem recuo nem arrependimento. Assim, não se há de esperar que
a vida comece, há apenas a vida, e a maneira através da qual ela se
desdobra no espaço... O tempo é um ponteiro parado a cada fração,
aquilo que criamos no espaço é existência.
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