13 novembre 2014

A la recherche du temps perdu


Vivo o dia-a-dia, mas é como se construísse, de antemão, minhas futuras lembranças. Sei que vivencio esses momentos únicos na banalidade do cotidiano. Daqui a dez, vinte anos, me farão falta. Já me fazem falta. A correria, a resistência, (o sair de casa, a refeição, o banho, o sábado de manhã), a sucessão de aspereza e afeição, o cansaço da vida à quatro, a falta de tempo da vida à dois. A saudade desse tempo em que não tínhamos tempo de ir ao cinema, sentar para ler o jornal no começo de um domingo. Você e eu sabemos que o tempo não se repete ; hemos de aproximar-nos da realidade mais completa, apesar das broncas e impaciências, esperançosos em guardar uma suspeita de plenitude. É isso também que torna tudo prazerozo : o fato de eu e você sabermos que a melancolia desses dias nunca está muito longe. O fato de compartilharmos os momentos, e a consciência dos momentos.

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