04 août 2016

Rádio de pilha

Colo o meu ouvido no pequeno amplificador do rádio de pilha. As melodias, umas seguidas das outras, me transportam à outro lugar. Um espaço inexistente. Extremamente agradável, cheio de sentimentos e potencialidades. Tudo, e tanto, que sinto meu peito se encher daquilo que é invisível, e incomensurável. Parece até que está “a ponto de”, aproximando-se perigosamente do instante que antecede a fragmentação. Essas canções, reminicências, há muito grudadas nas paredes dos filamentos musculares, confundem-se nas notas lançadas pelo rádio, e libertam-se de um sono profundo, pairando nos corredores do meu próprio corpo. Acordam outras lembranças : da terra, do amor, das sinuosidades e reviravoltas. Através do gesto trivial (ligar o rádio de pilha), me transformo num bocal repleto de memória, prestes a transbordar esparramando-a no presente.  

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