31 août 2012

O amor em qualquer canto

Sempre me impressionei com o brilho dos seus cabelos, como se fossem feitos de seda, ou como se você usasse uma peruca perfeita. Talvez fosse o efeito do xampu, mas talvez fossem os meus olhos, sempre a olhá-lo dessa maneira, procurando seus mínimos recantos inexplorados, e me impressionando constantemente. Como se alguma parte de você me fosse desconhecida. Esse mistério próprio à cada individuo só tende a crescer. E eu, cada vez mais, vou procurar os seus pequenos mistérios. Uma nova pinta, um arranhão, uma mecha mais clara. Uma unha torta. Como se pequenos detalhes te tornassem mais presentes em mim. Como se fosse possível, você, ainda mais em mim. Eu ando impregnada de você ; involuntariamente. Meus movimentos, minha liberdade de expressão, minhas vontades estão condicionados, intimamente relacionados às suas necessidades e ações. Como se eu me considerasse Gepetto, e fosse, na verdade, a marionete.  

  


 


3 commentaires:

Anonyme a dit…

Lindíssimo, Mlle. Ikeda!
Desde a impaciência da tarde vermelha, à criação que cria a criatura, lindíssimo. Posso só agradecer, imprimir essas páginas todas na minha memória e andar pelas ruas do Brasil com o olhar modificado. Lindíssimo...

Marcos

Ligia S. Ikeda a dit…

Merci!é sempre um prazer ter um leitor:)E você, anda escrevendo em algum lugar?

Anonyme a dit…

Em papéis de pão, guardanapos, caderninhos de notas...um dia (sempre este) eu mostro. :)