26 janvier 2014

À espera


Ali estavam, o jovem e a criança, esperando o ônibus passar. Os mesmos traços fisionômicos deixavam transparecer a relação biológica. Pela idade, eram irmãos. O jovem passa a mão nos cabelos da criança, cachos desordenados. A preocupação do irmão mais velho com a aparência do caçula. « Que não parecesse desleixado, pois estavam à caminho da escola ». E junto à intensão de arrumar-lhe os cachos, um afago desinteressado, espontâneo. Em questão de segundos, tornavam visível a existência de um abrigo de paredes transparentes, permeado de segurança e proteção. Um pequeno intervalo entre os afazeres do dia a dia. Uma réplica do ninho. Não que fosse durar para sempre. Talvez essa intimidade inocente se apagasse com o tempo. Talvez a relação dos dois se transformasse numa variação de prudência e cordialidade. Talvez nem se entendessem no futuro. Mas naquele momento, parados no ponto  de ônibus, o jovem e a criança traduziam, sem consciência, uma das razões fundamentais da existência chamada « amor ». 

1 commentaire:

Anonyme a dit…

Bonito!

Marcos