Ali estavam,
o jovem e a criança, esperando o ônibus passar. Os mesmos traços fisionômicos
deixavam transparecer a relação biológica. Pela idade, eram irmãos. O jovem passa a mão nos cabelos da criança, cachos
desordenados. A preocupação do irmão mais velho com a aparência do caçula. « Que não parecesse desleixado, pois estavam à
caminho da escola ». E junto à intensão de arrumar-lhe os cachos, um afago
desinteressado, espontâneo. Em questão de segundos, tornavam visível a existência
de um abrigo de paredes transparentes, permeado de segurança e proteção. Um pequeno
intervalo entre os afazeres do dia a dia. Uma réplica
do ninho. Não que fosse durar para sempre. Talvez essa intimidade inocente se
apagasse com o tempo. Talvez a relação dos dois se transformasse
numa variação de prudência e cordialidade. Talvez nem se entendessem no
futuro. Mas naquele momento, parados no ponto
de ônibus, o jovem e a criança traduziam, sem consciência, uma das
razões fundamentais da existência chamada « amor ».
1 commentaire:
Bonito!
Marcos
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