14 août 2015

Antes de ir-me,
espero que me aconteça uma sequência de fatos
os mais chatos,
os mais vãos.

Que o dia amanheça nublado
mas não nebuloso.

Que me sirvam o café bem quente,
o pão morno
e um prato de arroz-feijão.

Um sino há de tocar,
ou o apito de um trem.

Nada de telefone, interfone, internet.
Apenas um rádio de pilha.

Se o locutor se puser a tagarelar notícias,
(corriqueiras)  
a familiaridade do mundo há de desabar sobre mim
como só sente quem viveu.

Acontecimentos de um dia
igual a todos os outros.

Hei de receber a visita de um próximo
acompanhado por uma criança
“não mexa aí, não suba na cama!
Bom, já vou indo, até a próxima semana...”

A tarde,
me sentirei chegando ao fim,
como o dia.

Uns versos me virão à idéia,
assim como uma preocupação.

Me ressentirei,
pego pelo sono
por uma metade de melodia
pelos movimentos mornos
por um começo de apatia

pelo fim de uma canção. 

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