30 janvier 2018

Poema ao avô

Acordou, e ainda misturado ao lençol, se deu conta :
a idéia tinha se transformado em fato.
Tinha feito o seu caminho.
O seu olhar me parece triste,
mas não foi assim.
Olhou para o lençol branco, e viu uma confirmação do rumo que as coisas tomariam, a partir dalí.
Não foi de uma noite pra outra.
Nem porque se perdia na agonia.
Simplesmente, o tempo tinha passado.
Já de caminho tomado, levantou na manhã do seu último dia.
Fazia sol.
Ou a manhã tinha sido chuvosa?
Desceu para conversar com as orquídeas, como se quisesse prepará-las.
Talvez ficassem tristes com a imagem : um homem, de pé, com uma arma na mão.
Um homem que conheciam. Que lhes tinha tamanho apresso.
Mas as plantas não tem olhos, nem ouvidos. Nem perceberam o ocorrido.
Somente o estrondo produziu uma onda sonora, estremeceu as folhas e flores de maneira peculiar.

O meu avô ficou em mim, feito minúcia e irresignação japonesas. 

Aucun commentaire: