11 février 2018

Caiu sob os arbustos, feito calda de bolo
Feita de açucar e clara de ovo.
Amorteceu o ruído da vida, os pequenos problemas.
Soterrou os grandes.
Iluminou a noite, de maneira estranha
a realidade, como cenário de um souvenir de um lugar imaginado.

O poste olhava para as próprias mãos de trepadeira.
Envolto numa manta branca, parecia se arrepender,
“sentia muito”.

Noutros lugares, dava outros efeitos. 
As sombras imprimiam relevos nas paredes.  
A impressão de altitude.
A capacidade de diminuir o espaço.

As ruas e parques, feito cômodos atapetados de um castelo.
Só faltaram os escudos, as espadas, a corôa, e o unicórnio.    

Ou as travessas de uma cidade distante, de um país distante, de uma realidade ideal.

Escondeu toda a grama, o asfalto e os paralelepípedos.
Escondeu as coisas, as imperfeições.
Foram dois dias de felicidade pueril.

Até que na manhã seguinte
como nos contos
desapareceu.
Deixou uma atmosfera de humanidade à mostra
as estridências, o amor mal feito, os livros inacabados.

Uma enorme poça d’água, (per)feita pra se afogar.   

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