28 février 2020

Aurora


Aquela andorinha de penas azuladas, e barriga branca feito cal. Bem de manhã, com a lua caindo devagar, esperava algum sinal para atravessar o céu. O vento lhe arrepiava o corpo, formava um penacho na cabeça pequena. Fechava e abria os olhos, à espreita. Brilhava no orvalho. Nenhuma de suas agitações, nenhuma batida de asas acontecia sem que aquilo que lhe rodeava pedisse um movimento seu. A andorinha era como tudo o que lhe cercava. Feita de ritmo. Talvez um pio. Talvez um farfalho. Ou um galho quebrando. À andorinha, apareceu uma razão para que se movesse com rapidez, as asas em evolução, a altura, rapidamente. Submergida pela força do vento, sustentada por algo invisível e extremamente presente. Ela se dava inteiramente à paisagem. Lhe definia os contornos, assim como a paisagem lhe torneava andorinha. Era o começo do dia.        

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